Por que o Palmeiras é chamado de Porco? Entenda

Na manhã de 28 de abril de 1969, a sede social do Corinthians vivenciou um momento de profunda dor e consternação. Cerca de trinta mil pessoas reuniram-se no Parque São Jorge, em clima de silêncio e pesar, para homenagear dois de seus jogadores: o lateral-direito Lidu e o ponta-esquerda Eduardo. Ambos morreram tragicamente em um acidente de trânsito, horas após uma partida do alvinegro contra o São Bento, em Sorocaba.

O acidente ocorreu por volta das 0h10, quando Lidu, que havia obtido sua carteira de motorista apenas quatro meses antes, perdeu o controle de um Fusca na Ponte da Vila Maria, na Marginal do Rio Tietê. O veículo, que estava a 80 km/h, capotou várias vezes antes de parar na pista oposta. Lidu e Eduardo foram levados com vida ao Pronto-Socorro de Santana, mas faleceram pouco após chegarem. O impacto desse evento deixou uma marca indelével no Corinthians e seus torcedores.

Reação dos Clubes e a Polêmica Envolvendo o Palmeiras

Cinco dias após o acidente, o Corinthians solicitou à Federação Paulista de Futebol a autorização para substituir Lidu e Eduardo por outros jogadores, fora do prazo regulamentar. A decisão dependia da aprovação unânime dos outros 13 clubes do Campeonato Paulista.

No entanto, o Palmeiras, através do diretor de futebol José Gimenez Lopes, vetou o pedido. A justificativa foi a necessidade de consulta a órgãos superiores, como a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) e o Conselho Arbitral da FIFA, para garantir a legitimidade da alteração.

O veto gerou indignação entre os torcedores corintianos, com o presidente do clube, Wadih Helu, acusando o Palmeiras de agir com “espírito de porco”. Esse evento marcou o início do uso do termo “porco” como apelido pejorativo para os torcedores do Palmeiras, que perdurou até a década de 1980.

A Adaptação do Apelido ‘Porco’ pelo Palmeiras

Durante 17 anos, o apelido “porco” soou como uma provocação para os palmeirenses. Em 1986, no entanto, o clube decidiu adotar oficialmente o apelido, transformando-o em um símbolo de orgulho. A iniciativa partiu do ex-diretor de marketing João Roberto Gobbato e contou com o apoio das principais torcidas organizadas do Palmeiras. Em um esforço de marketing, a imagem do porco foi associada ao clube, substituindo gradualmente o tradicional mascote periquito.

Hoje, o grito de incentivo “porco” preenche os estádios, evidenciando uma reviravolta cultural e simbólica. A transformação do apelido de pejorativo para positivo reflete a resiliência e a adaptação, não apenas do Palmeiras, mas de todo o futebol paulista, demonstrando como um evento trágico pode, inesperadamente, atuar como catalisador para mudanças significativas no esporte e na sociedade.

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