Nos últimos dias, surgiu uma grande discussão na imprensa e nas redes sociais sobre a quantidade de gols marcados por Pelé com a camisa do Santos Futebol Clube. Enquanto alguns estatísticos afirmam que Lionel Messi se tornou o jogador com mais gols por um mesmo clube, ao alcançar 644 gols pelo Barcelona, Pelé parabenizou o argentino, destacando a raridade do amor incondicional por um mesmo time. No entanto, essa celebração ignora os outros registros incríveis de Pelé.
Segundo a imprensa especializada, Pelé marcou 1.091 gols pelo Santos, embora muitos dos gols não sejam considerados “oficiais”. Dos seus 1.091 gols, apenas os 643 feitos em competições são amplamente reconhecidos, enquanto os 448 marcados em amistosos são frequentemente minimizados por analistas. Essas partidas amistosas, contudo, foram disputadas contra alguns dos maiores clubes e seleções da época, como América do México, Inter de Milão, e até mesmo o próprio Barcelona de Messi.
Qual é o verdadeiro número de gols de Pelé pelo Santos?
Uma parte significativa dessa discussão gira em torno do que deve ser considerado no cálculo total de gols. Os 448 gols de Pelé em amistosos não foram marcados contra qualquer adversário. Entre as vítimas do Rei do Futebol encontram-se clubes como o River Plate e até seleções respeitadas. A argumentação de que muitos desses gols foram contra equipes menos tradicionais é frequentemente citada, mas desconsidera o esforço e as regras sob as quais foram jogados.
Contar ou não contar os gols de amistosos é uma questão de critério. No passado, clubes e jogadores incluíam esses números em suas estatísticas. Além disso, essas partidas foram organizadas sob regras oficiais, com uniformes e registros adequados. Nesse contexto, valorizar somente os gols em competições pode ser uma forma de revisionismo que não reflete a história completa.
Estatísticas no Futebol: O que realmente importa?
A análise estatística no futebol deve ser abordada com cautela. Quando olhamos para os números, um gol contra um time como o Eibar ou Valencia tem o mesmo peso que um marcado contra o gigante Real Madrid. Além disso, o Santos protagonizou um dos exemplos de como as estatísticas podem ser reinterpretadas: é o maior campeão do Campeonato Paulista considerando apenas a era profissional a partir de 1933.
- Santos: 22 títulos na era profissional (empate com Corinthians)
- Corinthians: 30 títulos considerando toda a história
- Palmeiras: 19 títulos na era profissional, 23 no total
Esses fatos ressaltam a importância de considerar o contexto ao analisar estatísticas, especialmente em uma época em que o futebol brasileiro estava em destaque após a Copa de 1958, tornando os amistosos essenciais para a manutenção dos jogadores locais de renome.
Por que o Santos jogou tantos amistosos?
Nos anos 60, a estrutura dos campeonatos era diferente. O torneio nacional de clubes, a Taça Brasil, começou a ser disputado em 1959. Então, durante os intervalos sem competições, o Santos realizava amistosos e excursões para sustentar seus jogadores de renome, como Pelé, Pepe e Coutinho. Esses jogos não eram por acaso; eram uma necessidade prática de um mercado futebolístico emergente.
- Valorização do futebol brasileiro após a Copa do Mundo de 1958.
- Amistosos eram cruciais para a receita dos clubes.
- Prolongadas excursões internacionais mantinham o Santos em evidência globalmente.
- Frequente ausência de Pelé devido a convocações para a seleção brasileira.
Durante esse período, o Santos até recusou disputar a Copa Libertadores de 1967, preferindo os amistosos internacionais mais rentáveis. Pelé, um ícone não só do Santos, mas do futebol mundial, passou largos períodos longe do clube por conta das convocações internacionais, como em 1962, 1966, 1969 e 1970.
